Pontos Turistico de Marabá

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Cidade de Marabá cresce e assombra o Brasil

“Tigre da Amazônia”. A mais recente denominação dada a Marabá, em reportagem da revista Veja, reforça o crescimento apresentado pelo município do sudeste paraense nos últimos anos. Em alusão a “Tigres Asiáticos” – países da Ásia com altos índices de crescimento econômico e interferência no mercado mundial na década de 1980 -, a revista coloca Marabá como a 2ª maior em crescimento anual (19,7%) dentre as cidades médias (de 100 mil a 500 mil habitantes), numa lista que traz as vinte “metrópoles do futuro do Brasil”. Só perde para Hortolândia (SP), que cresce a uma taxa de 22,6% ao ano.
Há algum tempo as especulações sobre o crescimento do município e dos futuros investimentos na região permeiam o bate-papo de moradores, conversas de empresários e discursos de políticos... Mas o que disso tudo é fato ou só especulação? A cidade está preparada para enfrentar os desafios que o crescimento traz aos gestores públicos? E a população de Marabá, o que vê e o que espera desse momento?
A economia de Marabá sempre viveu de ciclos da borracha, da castanha-do-pará, das madeireiras, do gado e, agora, começa uma fase siderúrgica e industrial, que chega prometendo muito e já rendendo frutos e promessas em muitos outros setores.
O escritor João Brasil, 84, natural de Altamira, que mora há 78 anos em Marabá, só viu um tigre de perto há muito tempo, na região do Araguaia. A denominação do município como um “imponente animal” não lhe causa estranheza... Brasil, que sobreviveu do rio Tocantins por muito tempo atuando como marítimo, sempre soube que Marabá um dia ia prosperar. “Quem é banhada por um rio como esse só pode estar fadada à riqueza. A cidade cresceu muito, tem potencial para crescer em muitas áreas. Hoje, Marabá não é nem de longe aquele cidade tranquila, que eu aprendi a gostar e amar. Ela não para de crescer...”, diz saudoso.
A comparação com os países asiáticos definitivamente não foi um exagero, para o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Maurílio Monteiro. Apesar de não existirem dados atuais do boom econômico do município, a percepção de crescimento do apaixonado Brasil se confirma, sim, através de alguns indicadores, que sinalizam a boa fase econômica. “O aumento considerável do consumo de energia elétrica, a geração de empregos acima da média brasileira, o consumo de cimento, de bens duráveis, o volume de veículos circulando”, reforça Maurílio.
Dados analisados e sistematizados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em informações do Ministério do Trabalho, confirmam o bom desempenho da economia. Em julho de 2010 foram feitas 1.485 admissões no setor formal. A construção civil foi a que mais cresceu (0,69%), seguida do comércio (0,48%) e do setor de serviços (1,03%). Nos primeiros sete meses de 2010, em Marabá, foram feitas 10.308 admissões, crescimento de 3,10%. O setor que mais ofertou vagas foi o extrativo mineral.
O secretário destaca a atenção dada ao Distrito Industrial de Marabá. Na fase 1 (2007), houve a ampliação e revitalização da área, e também a instalação da Siderúrgica Norte Brasil (Sinobras). Na fase 2, houve a aquisição de novos lotes para instalar as indústrias de diversas áreas; e na fase 3, a atual, está sendo feita a desapropriação de áreas para a instalação de siderúrgicas, como a Aços Laminados do Pará (Alpa).
Para Monteiro, todas as conquistas resultam da articulação dos governos municipal, estadual e federal e da iniciativa privada. A aprovação da lei da regulação fundiária, por exemplo, para o secretário, trouxe um novo momento na região, “que ainda é de muitos conflitos. Mas que antes, não havia legislação para estabelecer os critérios. A Assembleia aprovou lei que cria sete tipos de ocupação e traz as regulamentações para os que já ocuparam a terra pública”.
Aço produzido na cidade vai para todo o Brasil
Comemorando a fase próspera, o secretário municipal de Comércio e Indústria de Marabá, João Tatagiba, abre um parêntese para relembrar a crise, no final de 2008, que provocou a paralisação das atividades em sete das dez guseiras da região. “A crise econômica mundial comprometeu uma linha de produção que representava 30% do ferro-gusa no Brasil. Foi um momento difícil para o município. Houve muito desemprego. E a situação era de incertezas... O comércio foi prejudicado”, relembra. “Nosso parque industrial deve retomar o fôlego. Hoje Marabá tem despertado a atenção das mais diversas empresas para se instalar aqui, desde estaleiros a fábricas de leite”.

Tatagiba reforça que a implantação da Sinobras trouxe esse novo momento de prosperidade. “É hoje a nossa joia da coroa”, diz o secretário. A primeira usina siderúrgica integrada de aços longos para construção civil do Norte e Norte deu início ao inédito processo de verticalização do minério de ferro no Estado. Produzindo vergalhões, fio-máquina e trefilados, a Sinobras gera hoje mais de 1.700 empregos diretos e cinco mil indiretos. É a maior folha salarial do município, depois da Prefeitura e do Exército.

Hoje a produção de aço atende o mercado local e a todo o país. Ian Correa, vice-presidente da Sinobras, destaca que quase 35% das compras feitas pela empresa são de empresas da região. E até junho de 2010 foram R$ 330 milhões em valores negociados com os fornecedores. A siderúrgica é a maior recolhedora de ICMS do sudeste do Pará. A Sinobras está operando com 90% da sua capacidade produtiva. Ou seja, ainda há o que crescer.

Violência é um dos maiores problemas
Todo esse crescimento que fez Marabá parar nas páginas da Veja vem acompanhado de muitos problemas que o município tem de enfrentar desde então. Para João Brasil, a insegurança, sem dúvida, é o que de pior o desenvolvimento trouxe. “Hoje, aqui em Marabá, você sai de casa na incerteza de que vai voltar. Assaltos, roubos, espancamentos... mancham a história do município”. Segurança, transporte e habitação estão no topo das áreas que devem estar na lista dos gestores e até da iniciativa privada, seguida pela saúde e formação de mão de obra (educação).

Segundo levantamento recente feito pelo núcleo local da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), em Marabá existem nada menos de 22 áreas sem documentação, onde moram 80 mil pessoas (o equivalente a 40% da população de Marabá).

Entre essas 22 áreas estão bairros consolidados, mas há muitas invasões mesmo, onde ainda existe litígio judicial entre ocupantes e proprietários. Quem mora em área de invasão, geralmente, é porque não tem condição de pagar um aluguel.

O menor valor de aluguel em Marabá está na faixa dos R$ 300. Um quitinete dos menores, se for no Núcleo Cidade Nova, não fica por menos de R$ 500 por mês. “As pessoas não podem morrer de fome para pagar um aluguel”,observa o advogado Jorge Luiz Ribeiro, que durante muitos anos integrou a SDDH e hoje faz Mestrado em Belém.

Ribeiro alia o problema da falta de moradia com a insegurança, porque nas invasões não há iluminação pública, nem serviço regular de coleta de lixo e limpeza das ruas. Nas ocupações não existem escolas por perto.

No entendimento dele, tudo isso forma um quadro propício para a criminalidade. “Enquanto o Estado continuar negando direitos básicos aos cidadãos, a polícia vai continuar por aí, pelas ruas, cortando o mal pelas folhas e não pela raiz”, desabafa.

E quem vive no subúrbio, sem segurança, longe do sushi que encantou a jornalista da Veja que esteve em Marabá, enfrenta também outro problema sério: o transporte público.

As únicas duas empresas que fazem o transporte coletivo em Marabá (Transbrasiliana e Viação Cidade Nova) contam com apenas 50 ônibus para transportar 700 mil pessoas por mês, segundo informou José Sidney Ferreira, presidente do Sindicato Regional dos Trabalhadores Rodoviários. Como o serviço dos ônibus sempre foi precário – até porque as duas empresas agem como se fossem uma só, formando um oligopólio,surgiu em Marabá o mototaxi. Hoje são mais de 2.500, entre cadastrados e clandestinos.

Além disso, nos últimos 24 meses apareceu em Marabá – e chegou para ficar – o serviço de táxi-lotação. São mais de 100 veículos fazendo em média 500 mil corridas por mês.

A escassez de mão de obra local é um problema que preocupa as empresas já instaladas e as que pretendem se instalar. É comum se ouvir nas ruas de Marabá que os empregos não serão preenchidos pelos moradores da cidade, devido à baixa qualificação motivada pela pouca oferta de cursos específicos, técnicos e superiores.

Ian Correa, da Sinobras, lembra que para a siderúrgica ser instalada em Marabá, o primeiro passo foi tentar reduzir esse déficit de pessoal, com o incentivo à realização de cursos. “No início, há dois anos, tínhamos apenas 25% de colaboradores sendo do município e região. Hoje, esse percentual é de 63%”, ressalta. Em algumas áreas, como a construção civil, já faltam profissionais.“Às vezes temos dificuldade para conseguir um pedreiro, um marceneiro para realizar algumas pequenas obras dentro da empresa”, conta Correa.

Cerca de 500 empresas vão se instalar até 2011
“Falamos muito em investimentos futuros, mas existe muito de realidade já. Temos uma imobiliária que se instalou aqui e já comercializou um condomínio com aproximadamente 500 unidades habitacionais, que serão entregues no ano que vem. Marabá se consolida como uma cidade polo, de vocação mineral e de serviço”, diz Gilberto Leite, presidente da Associação Comercial de Marabá.

Na paisagem ainda muito empoeirada de Marabá, hoje se destacam alguns canteiros de obras que, com investimentos públicos (municipais, estaduais e federais) e privados, prometem dar uma nova cara ao município, em diversas áreas. São obras de infraestrutura urbana, prédios públicos, universidades, mineradoras e shoppings. Leite informa que cerca de 500 empresas estão se instalando no município até o ano que vem. Segundo ele, nos últimos anos, a população cresceu em torno de 15% ao anoe a variação do PIB tem sido acima da média. “Esse crescimento tem a ver com projetos de siderurgia e também de logística. Todo o empresariado está muito confiante”.

A região se prepara para receber a siderúrgica Aços Laminados do Pará (Alpa), considerada um marco na indústria da Amazônia. “A Alpa está para a Amazônia, assim como aCompanhia Siderúrgica Nacional está para o país. Vai ser dez vezes maior que a Sinobras”, compara o secretário Maurílio Monteiro. “Com a instalação da Alpa e Aline (Aços Galvanizados) serão criados, pelo menos, 30 mil empregos para a região de Marabá”.

A Alpa deve entrar em operação num prazo de três anos. A expectativa é muito boa, considerando o saldo positivo da balança comercial do minério de ferro no mundo inteiro.

“A Alpa vai fazer a placa de aço. A maior parte dela ia ser exportada. Decidimos associar a Sinobras à Alpa para fazer a ‘Aline’. Ou seja, pegar as placas e laminá-las aqui mesmo para produzir bobinas de aço a frio e a quente, além do aço galvanizado.

Delas poderão ser feitos vários tipos de produtos: carcaças de caminhões, vagões de trem e produtos de linha branca”, explicou Ian Correa.
MAIS EMPREGOS
O anúncio da construção do shopping Center Pátio Marabá também é um indicador do bom momento para o município. O empreendimento do Grupo Leolar, que é da região, terá mais de 39 mil metros quadrados de área construída. Grandes lojas já confirmaram espaço no shopping, que deve gerar 12 mil empregos diretos e indiretos para a região. O shopping vai agregar dois hotéis do grupo Solare, reunindo 247 unidades habitacionais, além de uma torre comercial com 168 salas. A previsão de conclusão é em 2012.

A Universidade da Amazônia (Unama) também já anunciou este ano que vai construir um campus da instituição em Marabá. E a Universidade Federal do Pará (UFPA) já está com o terreno para construir sua nova sede no município, com vistas a aumentar a oferta de cursos e vagas, incluindo mestrados e doutorados. E o início da Universidade do Sul e Sudeste do Pará, que terá Marabá como polo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário